sábado, 30 de abril de 2011

Carta #02 - O primeiro encontro entre mãe e filha

15/04/2011

Oi filhinha,

Na carta anterior eu esqueci de te contar sobre o momento em que você conheceu a mamãe.


Enquanto eu corria atrás dos médicos, que te levavam prá lá e pra cá, a mamãe ficou sendo costurada. Imagine só a ansiedade dela; te carregou por 9 meses e, na hora em que você sai, aparecem uns homens e te levam pra longe dela...

Pois bem, quando, enfim, você veio para o meu colo, saí correndo em êxtase até a sala onde a mamãe estava. Entrei sem pedir licença, sem me dar conta de que ela estava em um processo cirúrgico. A mamãe, quando te viu no meu colo, e viu a minha cara de chorão, também se emocionou.


A perfeição de Deus estava estampada no seu rostinho, pequenino e gorduxo.

Com amor,

Papai

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Carta #01 – A Lorena nasceu



Após um bom tempo sem postar, estou de volta, e por um motivo mais que especial: minha filhinha nasceu!

Enquanto estava no hospital, escrevi algumas mensagens para a Lorena (à moda antiga, com caneta e papel), descrevendo os detalhes do nascimento e dos primeiros dias de vida dela; tudo isso pensando no dia em que ela se tornar uma moça e entender como o pai dela é bobo, rs.

Vou publicar aqui no blog esses pequenos textos na íntegra, sempre acompanhados de fotos frequinhas dessa neném que hoje completa 12 dias.

***

15/04/2011 – O dia em que a Lorena nasceu

Filhinha querida,

Ontem, às três horas da madrugada, você começou a anunciar a sua chegada; as contrações haviam começado. A mamãe não levou muito a sério, mas o Dr. Nassif, que é super antenado, percebeu os seus sinais, e pediu para ela ir até o consultório dele. A mamãe, depois de dirigir dez quilômetros com você na barriga, se encontrou comigo no consultório na hora do almoço. Saí do trabalho e não voltei mais: você ia nascer!

A mamãe, muito calma, ainda fez questão de ir ao mercado, além de ir pagar uma multa. A essa altura, as contrações ficaram mais intensas e constantes. Papai estava nervoso.


Chegando ao hospital, tive que correr pra lá e pra cá atrás de documentos e liberações para o internamento da mamãe, até que levaram você e ela para uma sala fechada. Eu fiquei do lado de fora por um tempão.

Quando, enfim, consegui entrar na obstetrícia (que é o lugar onde os bebês são tirados da barriga), encontrei a mamãe tendo dores terríveis; o mostrador das contrações chegava a 70, um baita número. Era o útero que queria te expulsar da barriga.


E o papai orava, cantava, falava pra mamãe que Deus estava no controle.; enquanto isso, ela se contorcia agarrada à minha mão.

Ficamos por horas nessa tensão, até que, às dezoito horas, o sábio Dr. Nassif nos disse:

— Não tem jeito, vamos para a cesária; vocês concordam?!

"Sim, é claro!", respondemos sem pensar duas vezes.


Novamente me separaram da mamãe. A espera solitária no vestiário me angustiava. Dobrei meus joelhos ali mesmo e pedi ao nosso Pai para que abrisse os céus naquele momento e para que os anjinhos dEle te recepcionassem com muita alegria.

Logo veio o chamado; era a hora! Desta vez, entrei em uma sala cheia de gente e de aparelhos. Lá no meio estava a mamãe, já bem mais tranquila, porque tinham aplicado uma super anestesia nela.

Fiquei ali, ao lado dela, conversando, rindo, esperando você. Os médicos, enquanto cortavam a barriga da mamãe, conversavam sobre os resultados dos jogos do dia anterior (menos o Dr. Nassif, que é sempre muito concentrado).

Por cinco segundos, todos ficaram tensos; isso porque você estava encaixadinha numa posição um pouco complicada. Mas, como eu disse, foram só cinco segundos, e então você já estava do lado de fora. Uma festa... "Pai, venha ver, venha ver!", me diziam os médicos. E você estava ali, linda, bela, perfeita como uma promessa, nas mãos do Dr. Nassif, que se encarregava de cortar o seu cordão umbilical.

Feito isso, veio o momento mais espetacular e emocionante de todos: você veio para o meu colo! A sensação foi realmente indescritível. Você, tão indefesa quanto um passarinho que acabou de sair do ninho, ali, entregue nos meus braços, ainda sujinha com a placenta do útero. As lágrimas me vieram abaixo como cachoeira; tinha que cuidar para que não caíssem em você.


No hospital em que estávamos, existia uma grande vitrine, onde os enfermeiros colocavam os recém-nascidos em exposição. Fui para lá com você enroladinha em um pano azul. Do outro lado do vidro, estava a vovó Cristina, ansiosa que só. E você também fez a vovó chorar de alegria.

Depois de te curtir um pouquinho, fui mandado para o lado de fora. A enfermeira colocou você em uma das caminhas aquecidas, e eu, a vovó e a tia Eliane (que tinha acabado de chegar), ficamos te contemplando igual os cachorros de rua ficam olhando os franguinhos girarem.


***

Nota: Você é muito espertinha. Vi isso quando o médico fazia a sucção do líquido amniótico das suas orelhinhas, das suas vias nasais e da sua boquinha. Você pegou a mangueira do doutor e jogou longe. Por esse episódio, o médico te deu nota baixa em comportamento, rsrs.


Ass.: Seu papai babão ;-)